O critério de paralisação das Sondagens a Percussão (SPT), como o próprio nome diz, refere-se às regras que devem ser atendidas para interromper o ensaio. É importante seguir as Normas Técnicas (ABNT) que estabelecem o padrão oficial, em que são indicados alguns desses critérios, que deverão ser definidos:
De uma forma bastante sucinta, apresentamos a seguir alguns parâmetros a serem observados para que se possa definir o critério de paralisação de sondagens:
Devemos conhecer além do limite da fundação. Em fundações rasas devemos conhecer o subsolo da região de influência do bulbo de tensões... mas o que isso significa?
O bulbo de tensões é a região do subsolo, onde ainda chega parte da carga aplicada na base da fundação. Para uma sapata circular... a uma profundidade de uma vez e meia o diâmetro da base (1,5.B) chega aproximadamente 15% da carga aplicada na base da sapata. A uma profundidade de 2B chega menos de 10% da carga na base... sendo assim é bom conhecer, no mínimo, uma profundidade de duas vezes o diâmetro da base da sapata. Em fundações profundas precisamos conhecer os materiais ao longo de todo o fuste e alguns metros abaixo da ponta da estaca.
Na teoria parece simples... mas se ainda não conhecemos o subsolo como sabemos qual tipo de fundação usaremos e qual será a sua largura, profundidade etc?
Por este motivo, na prática, define-se um critério relacionado com os valores de SPT obtidos e, caso os comprimentos conhecidos não sejam suficientes para dimensionar as fundações, solicita-se uma nova campanha de investigações.
Para fundações pode-se definir, por exemplo, o seguinte critério baseado na instrução de projeto IP-DE-G00/002 do DER/SP:
PARA FUNDAÇÕES DE GALERIAS DE DRENAGEM (OAC - OBRAS DE ARTE CORRENTES)
Por se tratar de uma fundação direta (rasa) é desejável conhecer, no mínimo, uma profundidade de 2 vezes a largura da base da galeria. Em caso de solo mole, a sondagem deve ultrapassar toda a camada de baixa resistência. Vamos precisar calcular recalques e estabilidade do aterro no qual está inserido a galeria e para isso precisamos conhecer a espessura e características da camada compressível.
PARA ATERROS
O objetivo das sondagens executadas nos locais onde serão implantados aterros é traçar o perfil geológico-geotécnico a fim de verificar a estabilidade e mapear a presença de solo mole. Por isso, as sondagens devem ultrapassar eventuais camadas moles e atingir um solo residual ou de alteração com certa resistência. O critério sugerido pela instrução e projeto IP-DE-G00/002 do DER/SP é similar ao de OACs (Obras de Arte Correntes): ''A profundidade dos furos a percussão deve ultrapassar a camada de solos moles e encontrar substratos com índices de SPT maiores ou iguais a 15 golpes em 3 m consecutivos''.
Porém, nos locais onde existem intercalações de camadas de areia e argila muito mole como em Santos/SP, por exemplo, devido à implantação do aterro, ocorrerá o adensamento das camadas de argila e, nesses casos, deverá ser conhecida toda a profundidade de influência do aterro (aproximadamente duas vezes a largura da base do aterro) para que seja possível calcular os recalques que ocorrerão, devido à execução do aterro mesmo que as camadas de areia entre argilas possam apresentar 3 metros consecutivos com SPT maior ou igual 15 golpes.
PARA CORTES
As sondagens que se executam em cortes têm o objetivo principal de conhecer o perfil geológico-geotécnico para verificar a estabilidade. É muito importante conhecer o nível da água também, já que a água é a grande vilã nos taludes, podendo leva-los à ruptura!
Nas análises de estabilidade, os círculos críticos não costumam ser muito profundos. Deve ser por este motivo, que a IP-DE-G00/002 do DER/SP sugere sondar até 3 metros abaixo do nível do greide da pista ou, em projetos específicos, da cota do platô final.
MUROS
O critério de paralisação das sondagens nos muros depende do tipo de muro que será construído. Em muros de aterro, precisamos conhecer a região de influência na base da contenção para verificar a fundação e o perfil geológico-geotécnico para verificar a estabilidade. Servem, portanto, os mesmos critérios de aterro e fundação de OAC, por exemplo.
Belén Cogliati Lodeiro
Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade de São Paulo (2006) e mestrado em Engenharia Geotécnica pela Universidade de São Paulo (2011). Atualmente é coordenadora da área de geotecnia na empresa Canhedo Beppu Engenheiros Associados Ltda. Tem experiência na área de Infraestrutura Rodoviária, com ênfase em Engenharia Geotécnica.
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